PAULO RINALDO FONSECA FRANCO – CEL CAV R

Alguém tem dúvida de que esta situação que está acontecendo com os militares no Governo Dilma iria acontecer? Penso que todos nós somos esclarecidos, “não acreditamos em Papai Noel” e sabíamos bem que passaríamos por isso! Não sou “pessimista de plantão”, na minha visão estou sendo realista diante dos fatos atuais. De qualquer forma vale fazer alguns comentários sobre o cenário que estamos vivendo sobre este tema.
Não é difícil fazer uma análise de situação para se chegar a uma conclusão desanimadora de que o PT está quase “tomando o poder“ e o primeiro êxito foi colocar os Militares fora de qualquer decisão importante.
Senão, vejamos: quando Lula assumiu o governo ele se aproximou dos militares por interesse político e, na oportunidade, muitos chefes militares, por crerem no princípio da lealdade ou até por ingenuidade acreditarem que ele respeitava e admirava a classe militar. Infelizmente tudo era (e é) um jogo de cena e isto pôde ser observado em diversas situações, só não viu quem não quis acreditar que isto pudesse estar acontecendo. Aliás, podemos chamar o Presidente Lula de todos os impropérios, inclusive de ignorante em certos assuntos de interesse nacional, mas “burro” com certeza ele não é! Pelo contrário, é muito mais inteligente do que as pessoas imaginam, penso até que o nosso ex-presidente tem uma "Inteligência Interpessoal" muito desenvolvida, pois ele tem uma capacidade natural de liderança, é extremamente ativo, causa grande admiração nas outras pessoas, é calmo, direto e tem uma enorme capacidade de convencer as pessoas a fazer tudo que ele achar conveniente, pressupostos básicos deste tipo de "Inteligência", infelizmente ele é isso tudo! Com certeza estas virtudes o ajudaram a chegar aonde chegou.
Vejam que o Lula durante os oito anos de governo teve o cuidado de nunca “bater de frente” com os militares, pelo contrário, sempre procurou administrar os problemas sem partir para o embate direto, mesmo sendo pressionado por políticos radicais que estiveram ao seu lado, como, por exemplo, Tarso Genro e José Dirceu, acredito até que este último atuava como o famoso “boi de piranha”, que é aquela pessoa que se submete ou é submetido a um sacrifício para livrar outra pessoa de uma dificuldade ou da culpa, ou seja, o José Dirceu agia e falava sem a “autorização” do Presidente, e este “fingia” que o chamava a atenção, mas na verdade estava sendo um porta voz das ideias que o Lula politicamente não poderia se expressar fazendo com que a mídia em geral acreditasse que ele Lula estaria dando uma reprimenda no José Dirceu, quando isto já não fez mais efeito o Presidente Lula afastou-o do cargo, porém, veladamente, ele continua atuando até os dias de hoje. Além disso, Lula sempre procurou dar a impressão de que tratava os militares com "respeito e amizade", pois sabia perfeitamente que as FFAA são instituições de maior credibilidade do Brasil de acordo com todos os institutos de pesquisa e ele, é claro, não iria de encontro a este dado que desestabilizaria o projeto do seu partido de “tomada do poder” pela ideologia de forma maquiavélica, “quadro a quadro”.
Depois do período Lula, somado ao primeiro ano de Dilma esta "tomada do poder" está em vias de se concretizar e logicamente nos dias de hoje o PT não precisa tanto assim destes "afagos" à classe militar que Lula fazia. Lembro bem que a Presidente Dilma compareceu tanto na abertura como no encerramento dos 5o Jogos Mundiais Militares, uma solenidade basicamente militar, e ela fez isso por quê? Só porque gosta da gente da caserna? Claro que não! Ela fez isso primeiro, porque a sua presença nestas solenidades dos Jogos Militares daria a Dilma uma visibilidade firme de estadista e de Comandante em Chefe das Forças Armadas Brasileiras (o que de fato é) perante a comunidade mundial militar e segundo, porque, na oportunidade, ela ainda estava sob as orientações e a “tutela” do Lula e não iria quebrar esta "regra" logo no primeiro ano de governo, agora que Dilma já está numa situação segura, independente e mais estruturada politicamente, não depende mais exclusivamente de sua “eminência parda” para tomar as decisões governamentais, eventualmente o visita em São Paulo a fim de manter as aparências e Lula sabe bem disso, pois faz parte do processo político do PT.
Vejam que os integrantes do Ministério que iniciou o governo Dilma foram praticamente todos indicado por Lula, pois fazia parte também deste processo de “tomada do poder”, além disso, Dilma foi colocada no Planalto por Lula! A partir do momento que Dilma viu que já estava estabilizada politicamente ela resolveu mostrar-se como realmente é, pois tirou quase todos os Ministros indicados por Lula e os substituiu por pessoas chaves de acordo com o seu pensamento radical e ideológico, consequentemente, passou a tratar os militares com desprezo e insignificância, pois na visão dela Militar é "uma pedra no seu sapato" que incomoda e tem que ser tirada a todo custo. Mas não pensem que isto é uma retaliação pelo fato de que Lula ainda possa ser sua “eminência parda”, pelo contrário, isto faz parte deste jogo que falei anteriormente.
Com relação aos militares qual foi a sua primeira medida depois que realmente assumiu o “comando” do governo? Demitir o Ministro Jobim, supostamente homem de confiança de Lula, que apesar de ser uma pessoa arrogante e prepotente tinha uma visão de que as FFAA devem (ou deveriam) servir a um Estado, não a um governo, totalmente contrário às ideias tanto de Dilma como do PT como um todo. Após esta demissão ela teve o cuidado de escolher um Ministro da Defesa que compactuasse com seu pensamento. Lembro que Celso Amorim, quando Ministro das Relações Exteriores do governo Lula, criticou a aprovação pela Organização das Nações Unidas, em junho de 2010, de uma nova rodada de sanções ao programa nuclear do Irã, posição contrária aos cinco países membro do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Russia e China), além disso, sabemos bem das relações de cordialidade que ele tem com os ditadores Hugo Chavez e Fidel Castro, portanto, bem no estilo Dilma/PT.
Não tenho dúvidas de que mais retaliações contra os militares virão! Não podemos esquecer também que Lula durante o seu período na Presidência colocou em “banho maria” esta tão falada Comissão da Verdade, apesar de ter promovido milhares de indenizações a supostas pessoas afetadas pelo regime militar, contudo, quem a implantou efetivamente foi Dilma, depois de colocar no Ministério do Direitos Humanos a senhora Maria do Rosário, também da linha Dilma/PT, ou seja, mais um afronto aos militares. A diferença é que Lula, à época, precisava do apoio militar, hoje como “está tudo dominado” Dilma não precisa mais.
Vejam, por exemplo, este incêndio na Base da Antártida que foi muito explorado pela mídia, Dilma demagogicamente logo decidiu pela sua reconstrução, por outro lado, não compareceu ao enterro dos marinheiros mortos naquela tragédia. Em compensação, no incêndio que aconteceu no interior do porta-aviões São Paulo, no qual a imprensa dedicou pouco espaço, ela não se interessou muito, e olha que se formos analisar friamente um porta-aviões é muito mais importante em termos de poderio militar para o Brasil do que esta Base na Antártida que na realidade é operada, em sua maioria, por pessoas ligadas às pesquisas na área, de militar ela só tem a sua manutenção e comando, penso até que em termos de poderio militar ela é insignificante, enquanto que o porta-aviões São Paulo, adquirido no governo Lula por 12 milhões de dólares, um preço irrisório se for comparado com qualquer embarcação militar deste nível, encontra-se atualmente num estado de conservação lastimável sujeito a outros incêndios do tipo em futuro próximo. Utilizando o linguajar militar esta embarcação já deveria ter sido “descarregada” há muito tempo, ou melhor, se formos pensar bem ela nem deveria ter sido comprada da França. Sucateada está também a maioria dos equipamentos, tanto do Exército como da Marinha, as aeronaves de "combate" nem é bom falar, pois acho que de "combate" já não devem ter nada, isto tudo faz com que os atuais comandantes, marinheiros e pilotos utilizem da conhecida “criatividade” para manter um padrão mínimo de operacionalidade e, por consequência, de moral da tropa.
Outra coisa, os nossos quartéis se já não estão, estarão em futuro bem próximo em regime de meio expediente, pois foi cortado grande parte do orçamento destinado ao Ministério da Defesa e, pelo visto, vai ser cortado ainda mais em futuro bem próximo, situação que é muito ruim para a operacionalidade da tropa.
Nesta linha de desmoralizar e esvaziar o suposto poderio dos militares seu mais recente ato foi determinar ao Ministro da Defesa que puna os militares da reserva que assinaram um manifesto intitulado: “Eles que venham. Por aqui não passarão!” Manifesto esse que lembra aos atuais governantes que a lealdade maior das Forças Armadas é para com a defesa da democracia da Constituição e do povo brasileiro, e não apenas com ocupantes temporários do cargo maior da Nação! Uma atitude arbitrária e inconstitucional que vai de encontro à lei ainda em vigor nº 7524, de 17 de julho de 1986, que diz em seu Art 1º: “Respeitados os limites estabelecidos na lei civil, é facultado ao militar inativo, independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político, e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público”.
Além desse viés maquiavélico de nossa Presidente não podemos esquecer também de sua origem guerrilheira que pegou em armas contra o regime militar no passado, portanto até coerente com o ódio que sente pela classe, e agora no poder, ela não vai perder a oportunidade de se vingar sempre que possível.
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